Na última quarta (16) a ALVA lançou o seu mais novo EP “De Onde Eu Vim o Amor Não Acaba”, em que fala sobre diversos assuntos, como a pressão pela beleza estética e o processo de libertação emocional e físico.
Um dia antes do EP, a cantora lançou o clipe de “All This Drama”, que conta com a participação de Luccas Carlos e que fala da busca existencial pela beleza e desejos por relações mais maduras. Inclusive, para a ALVA a faixa é uma narrativa auto-biográfica.
A cantora que recentemente lançou o single de “Meu Bem” ainda falou sobre as suas influências e contou um pouco das histórias que motivaram o seu EP.
OA – Você está lançando agora o clipe de “All This Drama”, em parceria com Luccas Carlos. Como surgiu a ideia do clipe e do feat?
Alva – “Eu conheci o Luccas num show dele, nos trilhos, e achei a energia dele inacreditável, admirei muito ele pela humildade e por tudo o que ele é como pessoa também. Estávamos procurando alguém pra fazer esse feita em All This Drama, e ele curtiu, se identificou muito com a música e escreveu a letra muito rápido. O clipe foi uma criação minha em conjunto com o Fernando Araújo e o Marcelinho Ferraz. Nós queríamos expressar esse lugar etéreo de busca existencial por leveza, por amor incondicional e ao mesmo tempo o lugar de saudade e desejos por relações mais maduras.”
OA – A música ainda fala de uma evolução individual. Esse processo tem haver com algo que você passou?
Alva – “Com certeza, é uma narrativa auto-biográfica. Quando eu percebi que meus diálogos eram individuais foi uma corrida por compreensão de mim que me libertou de muitas coisas. “De madrugada saí só pra te procurar.”… era uma procura por mim mesma, intuída por faltas e reflexos de muitos equívocos que somos ensinados a acreditar. Um deles, que o amor é sofrimento, ou que o amor mora no outro. Outro de que a mente sabe das coisas, “a mente mente”, há algo maior reservado pra nós.”
OA – Em uma outra faixa, a “Muito Esperto”, você fala de força em sair de relações abusivas. Como surgiu ela?
Alva – “É um assunto muito complexo. Acho que sair de um relacionamento abusivo é precisar de uma força descomunal e saber, como a letra diz, que a gente vai com muitas sensações, mas principalmente de ir querendo ficar, de achar que em algum momento o outro vai mudar, ou se sentindo culpada. Ao mesmo tempo, a busca das nossas origens como mulher e nossa força, que eu exploro no segundo verso, nos faz entender que somos mais fortes e que passou o tempo; aqui ninguém mexe (mais), aqui ninguém brinca (mais)”. Vamos embora com qualquer tamanho de amor no peito, até porque amar, muitas vezes é ir embora.”
OA – Junto com as faixas, você lança o seu álbum completo repleto de mensagens, como da ditadura estética. Como foi esse processo álbum e se você teve alguma inspiração?
Alva – Acho que a minha própria carreira e todas as exigências dela me trouxeram essa necessidade de falar sobre; uma profissão onde o corpo da mulher parece sempre chegar primeiro e ter um valor além do seu talento ou inteligência, entre tantas. Eu nunca quis ser “bonita”, eu quero ser valorizada pelas minhas ideias e meu trabalho. E essa pressão estética tem consequências além do mensurável. É um assunto urgentíssimo, eu inclusive espero falar mais sobre. Representatividade é muito importante, ver mulheres como Camila Faus, Cassia Kis, Fernanda Guerrero se assumindo e se expandindo com suas idades, rugas, cabelos brancos, ideias, é muito forte. Artistas como Lizzo, Nina Simone, entre tantas. Psicólogas como Manuela Xavier. Influencers como Polly Oliveira, Xanda, mudam nossa consciência.
OA – Por uma coincidência, o álbum está sendo lançado no fim do ano, uma época tida como reflexões. Você acha que o seu projeto irá ter influência nesse sentido?
Alva – “Espero que sim. Foi um ano muito intenso, expandimos as consciências em muitos aspectos. Que tudo o que passamos nos faça ver novos horizontes nesse país, acho que já está.”
OA – Falando em fim de ano, como é a sua rotina nesta época? Você faz alguma simpatia?
Alva – “HAHAHAHAHAHA. Minha simpatia é acreditar mais no meu corpo do que na minha mente. Respirar.”
OA – Quais são os seus planos futuros e o que você espera de 2021?
Alva – “Espero ter cada vez mais recursos pra materializar minha ideias. Eu gostaria muito que “De onde eu vim o amor não acaba” se tornasse uma exposição. Que a ALVA continue surpreendendo ela mesma.”