No mês passado, a Deborah Blando lançou o seu mais novo álbum “Polares”, com uma história bem curiosa. Seu atual trabalho foi feito há 14 anos atrás, porém não foi lançado na época devido a um vazamento.
A ideia de lança-lo agora partiu após de um ‘TBT’ (tag usada nas redes sociais para relembrar algo do passado as quintas) sobre as músicas dele, no qual o seu parceiro de trabalho Eric Batista achou as faixas prontas e em ótimas qualidades.
Ao ouvir-lo, Deborah não pensou outra coisa a não ser divulgar como um presente aos seus fãs, por se retratar de um momento em que estamos passando de isolamento.
OA – Como está sendo a quarentena aí na Ingleterra?
Deborah – A quarentena pra gente aqui na Inglaterra está sendo super tranquila. Porque eu estou em um lugar muito privilegiado, no caso rural. É uma cidade pequena. E perto desta cidade pequena a gente está perto de uma floresta, como se fosse uma fazenda onde tem o Templo Budista Akadama. Aqui a gente passou seis meses estudando e ficamos totalmente isolados. Mesmo assim mantemos a distância de dois metros e as pessoas respeitam bastante isso.
OA – No meio do isolamento você achou um álbum completo, como foi isso?
Deborah – Na verdade eu fui postar um ‘TBT’ com o trabalho do “Polares”, e aí marquei o meu parceiro desse trabalho que é o Eric Batista. E ele chegou pra mim e eu no meio do meu retiro e falou: “segura aí porque eu tenho esse trabalho. Só eu tenho que ir num depósito onde está tudo guardado”. Pois eu tinha perdido e ele achou as fotos e as músicas em alta (significando que o material estava em boa qualidade de som e imagem). Porque já tinha vazado já para os fãs e eles fizeram cópia, aí acabei não lançando esse trabalho. Aí a gente resolveu entregar pro público e nisso a gente resolveu outras coisas (demos, regravações). A gente abriu o baú mesmo e lançou.
OA – Em uma fala você disse que é um álbum passado que está no momento presente. Como você sentiu isso?
Deborah – O “Polares” eu fiquei muito impressionada quando eu ouvi ele inteirinho, pois tinha muitos anos que eu não tinha ouvido mais. Fiquei impressionada porque ele falava tudo que a gente está passando no momento de hoje, de usar máscara, de desinfetar sala de estar, de guerra particular. Eu fiquei chocada. Mandei um monte de mensagem, liguei pro Eric e falei: “não estou acreditando que esse trabalho estava tão na frente dessa época e a época dele é agora”. Ele está sendo lançado na hora certa.
OA – No ano passado, você criticou a qualidade da música brasileira, principalmente as músicas que estão nas rádios comerciais. Você ainda mantém essa opinião ou já prevê uma melhora, em sua opinião?
Deborah – Não sei o que está acontecendo na música brasileira agora porque fiquei muito tempo fora da internet. Fiquei muito tempo dentro do curso, então realmente não posso falar o que está acontecendo com a música brasileira porque eu não estou qualificada a falar. Mas andou uma época que eu achei com muito pouca poesia, né? Agora o clipe que a gente vai lançar fala sobre isso. Muito pouca poesia. Muito pouca melodia bacana, letras interessantes e conteúdo. Estava muito fraco, e agora não sei o que está acontecendo.
OA – Após pandemia, podemos esperar você por aqui no Brasil? Quais são os seus planos futuros?
Deborah – Após a pandemia eu não sei. Mas eu vou ficar aqui morando na Inglaterra, os planos são esse. Até porque não é um momento bom pra ir pro Brasil. O Brasil está complicado. Não é um momento bom de viajar. Eu tenho dois cachorros e eu teria que viajar com dois cachorros. Não é o momento de viajar de qualquer forma até o final do ano. Eu devo ficar aqui em Mandushe e me especializando, me qualificando mais como professora, dando aula aqui no templo. Aulinhas menores pra eu pegar o jeito, pra ter experiência como professora budista. Eu vim pra isso. Depois quem eu sabe eu comece a dar uns cursos online pras pessoas, vai ser bacana. Mas eu preciso um pouco mais de experiência. Seis meses pra mim é muito pouco tempo. O pessoal que veio pra cá, a grande maioria já dava aula. Eles já sabem e já tem a manha de dar aula. E a primeira vez que faço um curso assim para dar aula.