O live-action de ”Cinderela” é com certeza uma das produções mais surpreendentes e “quebrando o tabu” de 2021.
A historia em torno da sofrida princesa, interpretada pela Camila Cabello, conseguiu dar uma boa atualização em relação ao empoderamento e a junção do musical, mesclado entre músicas autorais e covers.
Se na Cinderela clássica da animação soa submissa, a da ex-Fifth Harmony não quer apenas o seu príncipe encantado, o Príncipe Robert (Nicholas Galitzine), quer ter reconhecimento com as roupas em que trabalha. Essa atualização, que para alguns “boomers” pode soar como chata, traz uma representatividade para as gerações atuais, de que a sua força é maior do que uma paixão. Outro destaque nesse nível é o “fade-madrinhe”, já que o personagem é não-binário e interpretado pelo Billy Porter. Por que não quebrar o conceito de fada-madrinha?
Sobre o roteiro, para quem é fã de filmes musicais, com certeza este live-action é o tipo de produção ideal e que vai dar aquela nostalgia com os covers, que vão desde clássicos dos anos 80 até aos mais recentes, como “Perfect” do Ed Sheeran e “Am I Wrong” do Nico & Vinz. Sem ser as músicas, a história em si também é legal e tem pontos positivos perante ao seu público-alvo. Alguns até soam bobos demais, porém consegue somar com o tom proposto pela adaptação e, diga-se de passagem, traz uma leveza para o momento em que estamos passando.
Nas atuações, destaque máximo a Camila Cabello, que em seu primeiro papel no cinema, consegue fazer uma personagem que encaixe com a sua personalidade e carisma, ou seja, a Cinderela “deu match” com a cantora de “Havana”. Em alguns momentos, vemos até mais da Camila do que da princesa, mas não acaba soando forçado e muito menos caricato, é apenas a garota que tem o seu coração em Havana.
O mesmo já não pode ser dito do Nicholas com o príncipe, que diga-se de passagem, tem o mesmo nível de expressão do Cigano Igor em “Explode Coração”. O ator fica a desejar como o personagem por não trazer dramaticidade e o mesmo jogo de expressão cômico que há na Camila. Nem mesmo entre os dois há uma boa química. Porém, isso não consegue prejudicar a história.
Outro destaque é a Vivian (Idina Menzel), que consegue fazer bem a famosa madrasta que amamos odiar. É um personagem clássico da história, que a Idina dá conta com a sua atuação e o principalmente com a interpretação das músicas.
Ver uma versão de um clássico sobre os outros olhos é sempre interessante, apensar de alguns virarem a cara. Em “Cinderela” acontece a mesma coisa. Até então, a última adaptação da história aconteceu em 2015, ainda sob o olhar da Disney e bem com poucas mudanças em relação a animação. Daquela época até os dias atuais, muita pauta mudou, e a versão presente na Amazon mostra isso. Uma princesa com foco mais nos seus sonhos do que no amor do príncipe.
Inclusive, o filme é a primeiro longa da Sony Pictures a ser lançado em que as gravações foram finalizadas durante a pandemia, após uma breve interrupção. Na edição final, os ajustes feitos com os protocolos sanitários não atrapalham.