Depois de muita expectativa, chega hoje aos cinemas “Hebe – A Estrela do Brasil”, em que a atriz Andrea Beltrão interpreta uma das maiores apresentadoras que o Brasil já teve e conta com a direção de seu marido Maurício Farias e baseado no livro homônimo escrito pela Artur Xexéo.
O filme não procura contar a vida completa da Hebe, mas sim em mostrar uma parte em que a apresentadora viver, mas precisamente nos anos 80. Como todos nós sabemos, Hebe era uma mulher autêntica, se empunha e falava o que viesse em sua mente e não havia um jeito de ‘molda-la’ (até por isso que ela fala no filme que não aceita trabalhar na Globo). E é isto que o filme procura passar, junto com o drama pessoal. Pois, se pararmos para pensar, sempre vimos a Hebe rindo e de bem com a vida, no máximo se emocionando durante o seu programa. E ela era gente como a gente, também tinha problemas familiares e batalhava para se manter no ar, como no episódio da censura em que é relatada. Falando da questão da censura, podemos até trazer uma reflexão com o questão da política atual: “como seria a Hebe nos dias atuais”?
Uma das frases marcantes do longa é “Hebe não é de direita, a Hebe não é de esquerda, a Hebe é direta!”, isso sem falar do seu apoio ao Paulo Maluf e também aos LGBTs e as feministas. Para quem não se lembra, Hebe nos deixou em setembro de 2012, um ano antes do país começar a ser polarizado entre esquerda e direita. E creio eu que ela estaria no centro-esquerda, lutando também contra a censura que estamos passando (conforme o caso da Bienal e o descaso com a Ancine). Pagar de isentão hoje não tem como mais.
Agora focando na questão da personagem: Andrea se saiu muito bem como Hebe. Ela não conseguiu atingir a voz que a apresentadora tinha, mas os seus trejeitos conseguiu e dá uma entonação corporal boa, diferente de alguns outros, como a Stella Miranda com a Dercy Gonçalves. Stella não conseguiu demonstrar o improviso que e as expressões faciais que a Dercy tinha, ficou um pouquinho forçado, seria melhor se fosse a Fafy Siqueira.
A Nair Bello (Cláudia Missura) e Lolita Rodrigues (Karine Teles) não ficaram bem interpretadas no filme. O trio não tem no longa a mesma química que tinha na vida real. Não chega nem a ser o ‘alívio cômico’. As três amigas mereciam mais reconhecimento e participação na vida da Hebe. Um exemplo da sincronia que elas tinham vocês podem ver na entrevista que deram ao “Programa do Jô” em 2000.
Ao todo, o filme acerta em focar na censura no período final do regime militar e mostrar uma Hebe humana.