Hoje chega aos cinemas o filme “O Escândalo”, de Jay Roach, baseado na história real do assédio sexual sofrido pelas funcionárias da rede de TV Fox News.
O longa já começa debatendo o que acontece a décadas: há imparcialidade no jornalismo? Pois bem, para a Fox News não! Pois a emissora faz de tudo para enaltecer Trump em sua pré-candidatura a presidência e para enaltecê-lo a personagem de Charlize Theron não pode nem expressar a sua opinião, apenas sorrir forçadamente e perguntar. Algo que também acabamos vendo por aqui em uma certa emissora de TV cujo a apresentadora não poderá ter seu contrato renovador por ser contra o governo que é apoiado pela emissora. Não falarei nomes, mas basta ‘dar um Google’ que aparecerá quem são.
Tudo isso muda quando Gretchen Carlson (Nicole Kidman) acaba sendo demitida da emissora e expõe os assédios feitos pelo chefe do canal. Outro ponto a ser destacado do roteiro de Charles Randolph, pois acabou sendo condizente e reflexivo ao mostrar a dificuldade que a personagem enfrentou para fomentar as suas denúncias, já que ninguém a acreditava ou então estava sem coragem de apoiar.
Em geral, a proposta do roteirista em trazer um tema tão sensível a tona acaba surtindo efeito. A direção de Jay Roach é boa, mas para um filme com a finalidade dramática ainda fica a desejar. Seus enquadramentos de câmera e fotografia em alguns momentos lembram o de sitcoms, mas nada que tire o longa de seu foco, que é mostrar o empoderamento feminino e que a união acaba tendo força, ou seja, “ninguém solta a mão de ninguém”.
As atuações principais também enaltecem a força de um movimento criado antes do “me too”. Nicole Kidman, Charlize Theron e Margot Robie se destacam ao seu o trio principal que, de personalidades opostas, acabam se juntando ao movimento e questionando o que acontece em diversas empresas: o medo de aderir a uma campanha e de sua reputação nunca mais ser a mesma no mercado de trabalho. Nesse caso, acabou dando certo e serviu de inspiração para outros e até mesmo para nós.
Consideração final: É um filme altamente necessário para o momento em que estamos vivendo, pois, abrindo licença para falar como jornalista, o machismo em nosso meio ainda é muito alto. Antes de criar o OA, eu trabalhava junto da minha parceria Deka, e pude perceber como era isso em relação a ela e quando a incomodava. Houve um dia em que a Deka nem conseguiu gravar, devido a um homem olhar para ela de forma sexualizada. E assim era em seu meio, cansei de ouvir frases como ‘se fosse minha mulher, não deixaria fazer os ensaios sensuais que ela faz’. Espero que este longa traga mais reflexão a nossa profissão e a faça mais diversa.