Neste mês, o Sorriso Maroto lança o último EP do projeto “A.M.A. (Antes que o Mundo Acabe), gravado em fevereiro do ano passado e lançado aos poucos entre 2020 e 2021.
O projeto conta com 12 músicas inéditas e diversas participações especiais, como de Belo, Lauana Prado, MC WM e Parangolé. Com isso, conversamos com o Bruno, vocalista do grupo, para falar um pouco do projeto, que foi realizado em Alagoas.
Na conversa, Bruno já adiantou que em breve irá lançar um projeto do Dilsinho e dá detalhes do que vem por aí. Confira!
OA – “A.M.A, Antes que o Mundo Acabe” chega em um momento que refletimos muito sobre amor e perdas por causa da pandemia. Com isso, o que vocês pretendem levar os shows?
Bruno – “O que a gente tá levando nos shows é a nossa música como ferramenta de transformação. A gente entende que o show é o ponto onde as pessoas se reunem para viver uma experiência positiva, uma experiência de coisas boas. É um encontro com os amigos, é onde você tem a possibilidade de encontrar o seu parceiro de vida. Tantas coisas boas acontecem a partir do show, a partir da música daquele artista que canta, que você se prepara desde cedo. As meninas fazem cabelo, maquiagem e uma roupa bacana. Aí você marca uma “pré” com a galera pra chegar no momento do show com a melhor das suas experiências. Então, o que a gente propõe dentro desse momento é justamente isso, esse tipo de conexão e reflexão, para que a gente consiga ali ter um grande movimento de energia, de pessoas que estão ali unidas de viver uma única experiência. Aquela experiência.
Obviamente, a gente tem o tema que reflete muito sobre a questão do fim. Na verdade também, a gente não fala sobre o fim, a gente fala justamente que não quer o fim. E o que a gente faz para não ter o fim? Então vamos fazer algo bacana. Vamos cuidar, vamos amar, vamos melhorar. A ideia é sempre usar o ponto da reflexão para reconstruir algo melhor.”
OA- O projeto foi gravado um pouco antes da pandemia, em fevereiro de 2020. Porém, ao invés de lançar de uma vez ou até mesmo emendar em outro, vocês optaram por lançar em partes. Por que desta ideia?
Bruno – “Essa ideia surgiu muito da consequência da própria pandemia, aliada também as novas métricas digitais, que acabam sendo impostas pra gente da música, ainda mais nós que viemos de uma geração que estava tão habituada a lançar álbuns e projetos fechados, com 12 a 15 ou 16 músicas e daí sair logo após uma turnê. A gente também acaba sendo meio que hoje colocado dentro de um novo sistema por conta das plataformas digitais. Mas esse nem foi o principal, que acabou sendo mesmo por conta da pandemia.
Quando sentimos que a pandemia ia durar e precisávamos se manter ali presente na vida das pessoas, o nosso raciocínio foi justamente: “então vamos fatiar esse disco, é bom que a gente entrega bem no digital, que é um formato que está sendo bastante usado e conseguimos fazer nosso trabalho ser degustado com o tempo, até que consigamos no último volume ou próximo a entrega, a retomada.”
OA – Voltando lá para início de 2020, como surgiu a ideia deste projeto e por que da gravação em Alagoas?
Bruno – “Alagoas foi uma paixão platônica. Eu tive em Alagoas antes mesmo da gravação. Eu tenho familiares lá e fui conhecendo os lugares. Fiquei completamente apaixonado e pensei: “eu vejo o Sorriso Maroto fazendo alguma coisa aqui”. Isso foi bem antes da gravação do A.M.A. Acho que ficou no radar. Eu tenho um bom costume de anotar algumas coisas que me causam impacto, algumas coisas que vem na cabeça e eu vou anotando no bloco de notas. Pego umas imagens, coloco ali e monto uma pastinha de trabalho. Fiquei com isso arquivado durante um tempo e eu senti uma energia muito bacana. Um local que visitei chamado Capela dos Milagres em São Miguel dos Milagres é uma propriedade privada, mas é uma capela que fica à beira mar, tem uma vegetação, os morros, tem uma geografia que é muito única. Eu vi também um Sorriso Maroto nessa situação, de estar cantando naquele ambiente e ficou na minha cabeça.
Depois que eu fiquei enfermo e o Sorriso foi pra estrada sem mim, teve todo um clamor, uma energia bacana do nosso público com banda, de eu com o nosso público, muito importante e muito bonito que a gente viveu. Quando saí do hospital, saí projetando essas coisas que vivi em Alagoas, a situação que fiquei afastado, fiquei meio que juntando tudo e criando esse projeto A.M.A., que não foi o primeiro gravado após a minha volta, veio depois. Quando ele surgiu mais maduro na minha cabeça, apresentei pra banda e a banda obviamente super se viu dentro do projeto e optamos por gravar lá”.
OA – “Nosso Flow”, o último single de vocês, foi tido pelo Bruno como “uma versão mais moderna do grupo”. Seguindo essa linha, com quais outros ritmos vocês pretendem gravar ou adorariam? Podemos esperar o Sorriso com o piseiro?
Bruno – “Nosso Flow é uma versão mais moderna do que tudo que já fizemos. É tudo inusitado assim que teve dentro do nosso DNA, de se misturar e admitir no nosso som. A gente se permite se atirar em alguns momentos o nosso gênero de pauta e nos colocarmos como musicos. Somos músicos que tocamos pagode.
Com certeza, se misturar o pizeiro. É uma mistura que muito me seduz porque é um ritmo nordestino e a gente ama o Nordeste e a gente é muito presente com a sonoridade do Nordeste no nosso som. “Assim Você Mata o Papai”, por exemplo, é uma música que tem muito essa coisa do regional, “Parapapá” (feita com o Michel Teló) é outro. O gênero nordestino é muito presente na nossa música.
OA – Ainda sobre o “A.M.A”, olhando para a época em que foi gravada e olhando para agora. Teria algo em que vocês fariam diferente?
Bruno – “Eu vejo justamente ao contrário, o A.M.A. ficou tão atual, tão presente, tão autêntico e tão perfeito para esse momento. Da gente cantar o amor olhando pra esse lado, como “Pegue a Música Antes Que o Mundo Acabe”. Eu não mudaria absolutamente nada. Agora estamos conseguindo falar
OA – Quais são os projetos futuros do grupo?
Bruno – “Agora a gente segue o A.M.A. até o início do ano que vem. Estamos planejando novos voos ao longo do próximo ano. Logo no início do ano que vem, lançaremos um projeto chamado “Juntos”, com Sorriso Maroto e Dilsinho cantando juntos. Essa é uma experiência que tivemos na pandemia mesmo em uma live com os dois artistas no palco, no dia do namorados inclusive. A gente se empolgou, eu sou produtor dos discos de Dilsinho, a gente tem uma energia de trabalho e de pessoal. Então ficou fácil pra gente se juntar e criar um projeto, com a sequência musical dos artistas.”