Davi Novaes é ator, dramaturgo e professor de escrita criativa. Atuou no espetáculo Um Bonde Chamado Desejo, como assistente trabalhou na peça Os Arqueólogos. Com o musical infanto-juvenil O Príncipe Desencantado foi indicado como melhor ator ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem, em 2018. Nesse mesmo ano escreveu e produziu o seu primeiro texto autoral, O Que Restou de Você em Mim, com direção de Virgínia Buckowski e Alejandra Sampaio. Nos últimos anos fez parte do elenco de Chaves – um Tributo Musical, com texto de Fernanda Maia e direção de Zé Henrique de Paula, que também assina a direção.
Atualmente, Davi atua no espetáculo “É Sempre Mais Difícil Ancorar um Navio no Espaço”, cujo texto foi escrito pelo próprio multitalentoso artista, em parceria com Marcella Piccin.
Conversamos com Davi sobre a peça atual, o processo de construção da obra e muito mais. Confira abaixo!
Oniverso Abominável: Quando você percebeu que o texto de “É Sempre Mais Difícil Ancorar um Navio no Espaço” estava nascendo? Conte um pouco sobre seu processo de criação.
Davi Novaes: Assim que eu terminei a temporada carioca do meu solo, em 2019, comecei a escrever uma peça, mas o texto não andava, eu não conseguia entender muito para onde eu estava indo com aquela história. Até que a pandemia chegou, e, assim como a personagem de “É Sempre…” eu precisava me movimentar, tanto artisticamente quanto financeiramente mesmo, pois as contas continuavam chegando. E, como eu li em algum lugar, o conceito de “quando não sabe o que escrever, escreva sobre o não saber”, e foi exatamente isso que eu fiz. Escrevi sobre um dramaturgo que precisa escrever uma peça, mas não sabe sobre o que. E assim nasceu “É Sempre Mais Difícil Ancorar um Navio no Espaço”.
OA: Embora seja um texto autoral e a respeito de vivências até mesmo pessoais, você teve alguma referência que colaborou com o seu texto? Qual foi?
DN: Tive diversas referências, e muitas delas entraram nominalmente na peça, como o próprio eclipse, que é o norte de todo o texto, a Denise Fraga, o dramaturgo Tennessee Williams, os professores, e outras que estão lá, mais camufladas, mas lá: Zadie Smith, Kae Tempest, os filmes “Sentidos do Amor”, “Mais Estranho que a Ficção” e “Ruby Sparks”, O poeta Carlos Drummond de Andrade, e a minha referência de sempre: o diretor e dramaturgo Rafael Gomes, que pavimentou a estrada dessa escrita sentimental de autoficção.
OA: Como foi, para você, escrever sobre um tema tão diferente do que era a sua realidade há até bem pouco tempo atrás?
DN: Escrever sempre é um descobrir, e dessa vez foi literalmente isso. “Como escrever sobre o que eu não sei?”, é uma das perguntas da peça, e eu não saberia responder isso, mas acredito que escrever é tentar e tentar e tentar e tentar e acreditar quando Guimarães Rosa diz que o que importa é a travessia, e o que é o escrever se não atravessar com palavras?
OA: Qual foi o maior desafio, no processo de levar o texto para o palco de teatro?
DN: O desafio, depois de um texto pronto, é sempre o de montá-lo. E dessa vez eu tive a sorte e a honra e o prazer imenso de poder contar com o Zé Henrique de Paula como nosso diretor, que topou entrar nessa depois de ler o texto. Tem vezes que eu ainda não acredito. Fiquei tão feliz, não só por admirar o trabalho do Zé, que admiro, e muito, mas por ver a peça acontecendo de um jeito tão bonito e sensível. Então mesmo as dificuldades foram motivações para esse processo.
OA: Existe alguma semelhança que você pode pontuar entre “É Sempre Mais Difícil Ancorar um Navio no Espaço” e “O que Restou de Você em Mim”, seu texto que também virou peça?
DN: “É Sempre…” é, em algum sentido, uma continuação de “O Que Restou…”. A vida que continua e nos inunda com outras perguntas, dúvidas, deveres, e nós, que continuamos coexistindo no meio de tudo isso. Aquele menino da primeira peça cresceu e se tornou o adulto que agora é o dramaturgo da segunda peça. Não sei se tudo é uma evolução, mas sei que tudo é sim uma continuação de algo que já começou e segue.
A peça “É Sempre Mais Difícil Ancorar um Navio no Espaço” está em cartaz no Teatro do Núcleo Experimental, para seu último final de semana da temporada. Não perca!
Serviço:
É SEMPRE MAIS DIFÍCIL ANCORAR UM NAVIO NO ESPAÇO
Temporada às sextas e sábados, às 21h e domingos, às 19h.
Até 12 de dezembro de 2021.
Ingressos: 20,00 (inteira) / 10,00 (meia). Compras através do site: É Sempre Mais Difícil Ancorar um Navio no Espaço – Sympla
Duração: 75 minutos.
Classificação etária: 10 anos.